“Nunca fui uma criança obesa, mas, quando chegou a adolescência, comecei a engordar.” Já ouviu algo desse tipo antes? A história familiar também é a da dentista Larisse Rosa Pinheiro, de São Paulo. Mas a dela não parou por aí.
Após esse ponto de partida, Larisse conviveu por anos com o efeito sanfona e precisou até mesmo tomar remédios para controlar hormônios. E a situação piorava nos momentos de estresse, como quando precisou prestar vestibular ou, mais tarde, quando começou a morar sozinha. As tentativas para emagrecer eram constantes, e as dietas até funcionavam por um tempo, mas, pouco depois, ela não só voltava a ganhar peso como atingia números mais altos do que os registrados anteriormente.
Essas mudanças no organismo fizeram com que Larisse desenvolvesse problemas de saúde: alto nível de insulina, gordura no fígado e síndrome do ovário policístico foram alguns. Além disso, sua coluna e os joelhos começaram a ficar sobrecarregados com o excesso de peso. Ela ainda precisou lidar com três doenças autoimunes que apareceram nesse período: fibromialgia (que causa dor e fraqueza muscular), síndrome do intestino irritável e ptiríase alba (enfermidade caracterizada por manchas na pele).
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O resultado de todo esse quadro? Mais ganho de peso. “Eu me tornei viciada em refrigerante – chegava a tomar mais de dois litros por dia – e fast-food. Eram reconfortantes para mim”, conta.
E assim foi indo, até os números na balança marcarem 160 kg. “Cheguei ao meu limite. Não encontrava mais roupas que me serviam. Não conseguia amarrar os meus sapatos. Até mesmo ‘me limpar’ após usar o banheiro era difícil”, lembra Larisse.
Em novembro de 2013, aos 34 anos, ela viveu o momento que marcaria a sua vida de maneira decisiva: “Fui ao teatro e não coube na poltrona, precisei ir embora porque não podia assistir ao espetáculo em pé ou sentada no chão. Além disso, meu pai teve cinco infartos antes de falecer com o sexto… Enxerguei que esse também seria o meu caminho se eu não mudasse”.
De dentro para fora
A partir daquele momento, Lara (como gosta de ser chamada) passou a procurar especialistas, mas o retorno não era bem o que ela queria. “Diziam que eu só conseguiria emagrecer com a cirurgia bariátrica, mas ninguém sabe onde podemos chegar quando realmente estamos determinados.”
Em janeiro de 2014, depois de amadurecer bem a ideia, Lara decidiu que a cirurgia não era uma opção. “Encontrei um médico que me disse que eu conseguiria, sim, chegar ao meu peso ideal comendo da forma mais natural possível e, como eu tenho problema de insulina, evitando açúcar. Decidi emagrecer pela saúde e porque estava cansada das limitações que a obesidade me causava”, destaca.
Lara cortou os refrigerantes, fast-foods, parou de comer industrializados e passou a dar prioridade a vegetais, frutas e proteínas. Por receio de se lesionar – e pelos aparelhos da academia não serem ideais para o seu peso –, ela ainda não contava com atividades físicas. Mas, em outubro daquele mesmo ano, já com 43 kg eliminados, ela deu início à academia.
“Não foi fácil começar com os treinos, mas eu acreditei e tive paciência. Fiz um dia, mais um, mais um…” No ano seguinte, no começo de 2015, ela chegou aos 59 kg, sem cirurgia. Foram 101 kg em aproximadamente um ano de reeducação alimentar e atividade física.
Em janeiro deste ano, ela completou quatro anos de visitas fiéis à academia. “Para mim, a paciência é mais importante que o foco e a determinação. Queremos ver os resultados rapidamente, só que isso não acontece, e é aí que podemos ficar frustrados”, ressalta.
Vida nova
A conquista foi muito além dos números na balança. Lara conseguiu, enfim, melhorar seu quadro de saúde como um todo. “Meus ovários voltaram a funcionar normalmente, minha insulina se mantém baixa, minhas doenças autoimunes estão controladas e a minha coluna e joelhos estão melhores”, comemora.
Atualmente, após uma mudança de treino para o ganho de massa magra, Larisse está com 70 kg, mas ainda precisa fazer cirurgias corretivas por conta do excesso de pele decorrente da perda de peso, o que deve alterar um pouco esse número em torno de 10 kg. “Meço 1,65 metro, então, com 60 kg, estou dentro do considerado normal.”
E quem acha que o foco diminui depois de atingir essas conquistas se engana. Lara continua treinando e diversificando os seus treinos para garantir melhora e bem-estar de diferentes formas.
“Treino o maior número de vezes que consigo, geralmente seis vezes por semana. Faço aeróbico e musculação e, duas vezes por semana, pilates, para melhorar a postura e as dores que tenho em decorrência do meu trabalho e da fibromialgia”, conta.
Depois de todo esse percurso e tantas batalhas vencidas, Lara afirma que ganhou vida. “Antes eu não conseguia fazer nem metade das coisas que faço hoje. Desde o básico como tomar banho, ir ao banheiro, calçar tênis… até participar de uma prova de corrida”, comemora a nossa leitora, que divide o seu dia a dia com mais de 100 mil seguidores através do seu perfil no Instagram “Felicidade não está em ser gorda ou magra, eu me sinto feliz por saber que hoje em dia sou uma pessoa saudável”, conclui.
4 dicas de Lara para uma vida mais saudável
» Acredite em você. “Não desista. Eu tentei muitas vezes e falhei, mas, um dia, por teimosia, começou a dar certo.”
» Seja a sua própria referência. “Não se compare com os outros. tenha como parâmetro como você era ontem.”
» Evite prazos. “Não pense em quanto tempo vai demorar para chegar onde você quer. O tempo vai passar de qualquer forma, faça o certo e deixe ele seguir o seu fluxo.”
» Reveja seus motivos e prioridades. “Não pense em fazer uma mudança na sua alimentação para emagrecer, mas para a saúde. A perda de peso é consequência.”