Câncer de pele: como se proteger do sol de acordo com seu tipo de pele

Por Thais Bello

Câncer de pele
Foto Shutterstock

Sabe aquela máxima “o sol nasce pra todos”? Pois bem, todos também devemos nos proteger dos seus efeitos nocivos, pois o câncer de pele pode acometer qualquer pessoa que se exponha muito ao sol ou até mesmo algumas que nem se expuseram tanto.

Este é o tipo mais comum de câncer, corresponde a um terço de todos os cânceres. É verdade, sim, que ele é muito mais comum em pessoas de pele clara. Contudo, também pode acontecer em negros, asiáticos e hispânicos. Em pessoas de pele mais morena, o diagnóstico costuma ser feito mais tarde. Por isso, nessa população, a mortalidade é desproporcionalmente mais alta.

Não se esqueça: o câncer de pele vale para todos os tipos de pele. Qual o seu tipo de pele? O que você pode fazer para se prevenir? Confira abaixo!

Como se proteger do sol de acordo com seu tipo de pele

Você é ruivo

Pessoas ruivas ou muito claras que tenham o gene ruivo na família devem estar atentas ao risco de câncer de pele. Isso acontece porque elas carregam um tipo de variação no gene MC1R, que faz com que produzam um tipo diferente de melanina mais avermelhada (pheomelanina) e tenham menor capacidade de reparar os danos causados ao DNA da pele.

Se você é ruivo, seja vigilante com pintas novas e pintas que chamem a atenção em relação às outras, e visite o seu dermatologista com frequência.

Você tem muitas pintas

O risco de câncer de pele aumenta quanto mais pintas uma pessoa tem. Esse risco também depende do tipo de pintas dessas pessoas.

Ainda assim, tirar várias pintas aleatoriamente como forma de prevenção não é uma boa estratégia.

Um exame chamado dermatoscopia e, em especial, o mapeamento de manchas, pode ser útil para quem tem muitas pintas. Isso ajuda a encontrar as pintas de risco, escondidas no meio de tantas outras, e acompanha mudanças, ao mesmo tempo que diminui as cirurgias desnecessárias.

Se você se encaixa nesse grupo, proteja-se do sol, não faça tatuagens que cubram suas pintas, seja vigilante com a sua pele e pintas que estejam mudando, e examine suas pintas regularmente.

Você tem a pele clara

A pele clara e os olhos claros são características que sinalizam para o dermatologista um risco aumentado para câncer de pele ao longo da vida. Na realidade, mais do que isso, a característica mais importante é a capacidade de bronzeamento. Pessoas que se queimam e ficam vermelhas com facilidade, com mais dificuldade de bronzear, preocupam mais.

Se você tem este tipo de pele, não tente se bronzear. Proteja-se do sol com responsabilidade e fique atento às pintas diferentes e feridinhas que não cicatrizam.

Você tem a pele negra

É muito comum que as pessoas achem que, porque são negras, não correm risco de ter um câncer de pele. Isso não é verdade. Inclusive, essa forma de pensar faz com que os negros tenham maior probabilidade de ter a doença diagnosticada tardiamente, em um estágio já mais grave.
Bob Marley, por exemplo, faleceu aos 36 anos de idade por conta de um câncer de pele diagnosticado tarde demais.

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O que é diferente na pele negra são os tipos de câncer e a maneira como se manifestam. O mais comum é o câncer de pele melanoma que surge sob as unhas, nas palmas das mãos e principalmente na sola dos pés. Neste caso, ele não depende do sol.

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A melanina, muito presente na pele negra, funciona como uma proteção natural, mas é parcial (no máximo FPS 15). Um terço dos cânceres de pele em negros podem ter, sim, relação com o sol. Só porque é mais raro, não quer dizer que não exista.

Se você tem a pele negra, evite a exposição solar em excesso e sem proteção, preste atenção especial nas mãos e pés, e visite um dermatologista regularmente.

Você tem uma pinta que te chama atenção

Nem sempre uma pinta que chama atenção vai ser algo de risco. Existem muitos sinais benignos na pele que parecem feios aos olhos de quem não é médico. Mas, na maior parte dos casos, o diagnóstico de câncer de pele é feito pelo próprio paciente ou por alguém próximo, que vê uma pinta diferente que chama atenção por algum motivo.

Independente do seu tipo de pele, se você tem uma pinta que é diferente das suas outras – que muda de cor, ou uma bolinha, ferida ou sinal novo –, não espere para procurar o dermatologista.

Você tem pele asiática

Os orientais e descendentes podem ter, na pele, quantidade variável de melanina e comportamentos distintos.
Os tipos mais comuns de câncer de pele são os carcinomas, que tem a exposição solar excessiva como causa principal. Japoneses vivendo em Kauai, no Havaí, por exemplo, tiveram até 45 vezes mais câncer de pele que os que vivem no Japão.

Com relação ao melanoma, o tipo mais observado em orientais – especialmente de pele mais escura – é o mesmo da pele negra. Trata-se do melanoma acral, que ocorre mais frequentemente embaixo das unhas, nas plantas dos pés ou palmas das mãos.

Se você tem ascendência oriental também deve proteger-se do sol, ficar atento às pintas novas e que se modificam, em especial nas mãos e pés, e manchas nas unhas.

Você já se queimou muito no sol

Ouço muitas histórias no meu consultório sobre como antigamente não usávamos protetor solar. Há relatos até de queimaduras com bolhas, e que era supernormal voltarmos da praia descascando. Realmente, não existia tanta preocupação.

Mas essa preocupação só existe hoje porque ao longo do tempo observamos um aumento muito grande das taxas de câncer de pele, exatamente pelo envelhecimento das pessoas que tomaram esse sol em excesso na década de 60, 70 e 80.

A radiação ultravioleta não é a única, mas é a principal causa de câncer de pele. Os danos são cumulativos, então qualquer queimadura a mais é um risco maior para quem já pegou muito sol.

Então, se você já tomou muito sol na sua vida, nunca é tarde para começar a se proteger. Fique atenta às feridinhas que não cicatrizam, pintas novas, diferentes ou que estejam mudando, e conte com o médico dermatologista.

Tem alguma dúvida? Quer continuar a conversa? Pode me escrever pelo Instagram @drathaisbello.

Thais Bello

*Thais Bello é médica dermatologista, formada pela Faculdade de Medicina da USP, com residência médica no Hospital das Clínicas (USP) e mestrado em Oncologia pelo Hospital do Câncer (A.C Camargo), em São Paulo.