Outubro Rosa: efeitos da quimioterapia e radioterapia na pele

Por Thais Bello

Efeitos da quimioterapia e radioterapia
Foto Shutterstock

Este ano o Outubro Rosa chegou cheio de campanhas paralelas bacanas. Teve uma em especial, de um laboratório farmacêutico, que me chamou a atenção por focar em quem está tratando um câncer de mama. Achei mesmo especial, porque muito se fala em prevenção, mas também temos muito pra falar sobre a vida com câncer de mama. E, por isso, o nosso texto de hoje é o primeiro de uma série dedicada a essas mulheres.

Vamos falar aqui, até o fim do mês de outubro, sobre efeitos comuns (e outros mais raros) que o tratamento do câncer de mama pode trazer para a saúde da pele, dos cabelos e das unhas, e o que é possível fazer pra amenizar esses efeitos.

Leia mais

Conheça os sinais do câncer de mama que aparecem na pele
Estudo aponta que câncer de mama em mulheres jovens não é hereditário
5 sinais de câncer de mama que não têm nada a ver com caroços

Vamos falar das cirurgias que existem e das suas implicações, com informação útil e entrevistas com grandes experts no assunto. Compartilhe com as suas amigas e com as mulheres da família. E pra continuar o papo, fique à vontade pra me escrever no Instagram @drathaisbello.

O tema inicial é os efeitos da quimioterapia e da radioterapia na pele.

A primeira coisa que vou começar contando pra vocês é que o tratamento do câncer, em geral, se aproveita do fato de as células do tumor se multiplicarem mais rápido que o normal. E é exatamente por isso que pele, cabelos e unhas podem ser afetados – porque são constituídos por células que se multiplicam bastante.

A quimioterapia e a pele

A quimioterapia é uma parte importante do tratamento em muitos casos e pode ter uma variedade grande de efeitos na pele. Juliana Pimenta, oncologista da USP (SP) explica por que isso acontece e o que é possível fazer para amenizar estes efeitos.

Thais Bello: O tratamento do câncer de mama pode muitas vezes incluir a quimioterapia. Você pode explicar por que a quimioterapia tem efeitos colaterais na pele?

Juliana Pimenta: O objetivo da quimioterapia é eliminar as células cancerígenas. Esse tipo de tratamento atua principalmente em células que se multiplicam rapidamente, o que acontece com grande parte das células do câncer, mas também em algumas células normais do corpo, como as da pele. Assim, ele acaba atuando também em células normais, pois não consegue diferenciar células do câncer das células sadias. Dessa forma, a quimio pode levar a alguns efeitos colaterais, incluindo a toxicidade na pele.

TB: Quais efeitos podem ocorrer na pele?

JP: Dependendo do agente quimioterápico utilizado, as pacientes podem apresentar ressecamento, coceira, manchas avermelhadas ou escuras, reação em áreas expostas à luz solar. Em alguns casos, podem surgir reações locais nas mãos e pés, com vermelhidão, inchaço e bolhas ou outros tipos de reações alérgicas.

TB: Sempre que a quimioterapia tem um efeito indesejado na pele, ela precisa ser interrompida?

-->

JP: Não. Geralmente orientações de um dermatologista especialista nessa área podem auxiliar na melhora dos sintomas. Algumas vezes pode ser necessário diminuir a dose do medicamento. Mais raramente, em casos de reações alérgicas graves, pode ser necessário suspender.

Recomendações para cuidar da pele durante a quimioterapia

Para quem está fazendo quimioterapia, é importante hidratação da pele, uso de protetor solar e evitar exposição ao sol. Em caso de reações cutâneas, procure um dermatologista especialista neste tipo de tratamento.

A radioterapia e a pele

A radioterapia, que pode fazer parte do tratamento do câncer de mama, também tem efeitos indesejados na pele das pacientes. Contudo, eles podem, muitas vezes, ser aliviados com algumas medidas simples. A estes efeitos, nós, médicos, damos o nome de radiodermite.

A radiodermite pode ser compreendida como uma espécie de queimadura, que pode ser mais leve ou mais severa.

A pele que foi irradiada uma vez pode manter-se sensível e alterada por muito tempo, o que chamamos de radiodermite crônica. A radiodermite pode ser exacerbada pela exposição solar e é considerada um fator de risco para o aparecimento do câncer de pele. Por isso, o acompanhamento dermatológico é importante, mesmo após o término do tratamento.

Recomendações para cuidar da pele após a radioterapia

Os cuidados com essa área irradiada devem incluir a limpeza com sabonetes suaves de Ph neutro. Aposte também no uso de hidratantes (sem perfume) e filtro solar.

Tudo o que agride e atrita a pele deve ser evitado no local. Este período, evite esfoliantes, esponjas, buchas, ou mesmo curativos adesivos. Substâncias irritantes ou potencialmente causadoras de alergias, como os perfumes, também devem ser excluídas.

Nosso próximo texto vai falar sobre um efeito comum, mas pouquíssimo comentado: a ação do tratamento do câncer de mama sobre as unhas. Te espero!

Se quiser fazer alguma pergunta, a hora é essa. Espero também os seus comentários, dúvidas e sugestões de assuntos que você quer ler aqui.

Um beijo grande!