Eu Venci Um Câncer: “Troquei o jaleco de futura médica pelo avental de paciente”

eu venci um câncer
Foto Arquivo Pessoal

Na noite de 21 de abril de 2017 senti um caroço na parte inferior do meu seio direito ao alisar sobre a blusa do pijama. Como estudante de medicina, um filme passou na minha cabeça. Mesmo não tendo nenhum caso de câncer na família, pensei em inúmeros diagnósticos.

Na manhã seguinte, me dirigi imediatamente ao serviço de ginecologia no Hospital Escola da minha faculdade, onde realmente foi constato o nódulo e solicitado um ultrassom de mamas, que já realizei no mesmo dia.

Com os exames em mãos, fui em busca de um mastologista. Rodrigo Pescuma foi escolhido por simpatia, uma vez que ele é muito amigo de um casal de amigos meus.

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Assim, ele solicitou biópsias para o real diagnóstico do nódulo. O laudo foi feito pelo doutor Angelo Sementilli, um dos meus professores mais queridos. E assim, em abril de 2017, aos 33 anos de idade e estudante do quarto ano de medicina, fui diagnosticada com câncer de mama.

Foi assustador, além de muito desconcertante. Contudo, todos os dias eu transformei meu medo em luta, e sequer passou por perto de mim o medo da morte e a vontade de abandonar meus estudos. Quis lutar até quando pude para seguir com eles e me formar em 2019 com meus colegas de turma. E de fato não foi fácil, mais consegui!

O processo do tratamento

A primeira parte mais difícil foi perder os cabelos. Esse é apenas o inicio de uma longa transformação física e emocional que passamos!

Primeiro, os cabelos caem. No décimo sexto dia após a primeira sessão de quimioterapia, o rosto incha, os cílios e as sobrancelhas não existem mais e a menopausa química se instala. Seu corpo muda! Os seios não são mais seus. Eles são retirados (através da mastectomia), e no lugar é colocado um “corpo estranho”, que fará você passar toda a vida sem sensibilidade.

Eu venci um câncer de mama
Foto Arquivo Pessoal

Mas para você que acha que cabelo é o de menos, que o importante é a cura, eu te digo: não, não é! A cara do câncer assusta – e a careca é a cara do câncer.

O cabelo é a sua moldura e traços de sua saúde. Por isso, durante 9 meses, eu usei uma peruca como forma de me blindar dessa cara do câncer.

Doce ilusão. O rosto inchado, sem sobrancelhas e cílios, deixava claro que alguma coisa estava acontecendo. Contudo, em toda sessão de quimioterapia – que duraram de abril a setembro de 2017 –, eu pensava que trocava meu jaleco de futura médica e colocava meu avental de paciente. Assim também seria possível entender o outro lado e aprender com essa situação, que para mim sempre foi passageira!

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Hoje, de fato, consigo entender toda queixa que me é

Eu venci um câncer
Giovana em maio de 2018, um ano após sua primeira sessão de quimioterapia / Foto Arquivo Pessoal

trazida quando atendo nos ambulatórios e hospitais da faculdade.

Às vezes não sei muito bem o que essa segunda chance veio me mostrar, mas sei que agora entendo o que é ser paciente. Paciente doente e paciente na espera!

Em 6 de outubro de 2017 realizei a mastectomia bilateral. Com ela, veio um laudo de cura total da doença. Desde então, já tenho mais um ano de vida. Sigo feliz e vivendo cada dia de uma nova forma, valorizando cada pequena conquista minha e das pessoas que amo.

Ano que vem me formo, e sei que com a minha doença passo a enxergar o outro lado da minha futura profissão.


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