Nesta semana, diversas famosas usaram suas redes sociais para se manifestarem pela descriminalização do aborto. Isso porque, nesta sexta (3) e na próxima segunda-feira (6) o Supremo Tribunal Federal conduzirá duas audiências públicas para debater o processo em que se pede a realização do aborto sem nenhum tipo de autorização legal até a 12ª semana de gravidez.
Em algumas das publicações compartilhadas no Instagram, artistas como Nathalia Dill e Giovanna Lancellotti posam com uma bandeira que traz as frases “Nem presa, nem morta por aborto” e “Nenhuma a menos” – referência às mortes causadas pelos abortos mal feitos.
“O Estado não pode controlar o corpo feminino, ainda mais um Estado ausente e omisso que mal oferece dignidade os seus cidadãos. Sou a favor da descriminalização do aborto. Uma mulher não pode ser morta e nem presa por uma decisão que só deveria caber a ela”, escreveu Nathalia Dill.
Vale lembrar que, no Brasil, a lei permite que a gestação seja interrompida apenas em casos de estupro ou risco de vida para a mãe. Em 2012, o STF passou a autorizar também o aborto de fetos anencéfalos, uma má formação que impede a vida do bebê logo após o parto. Fora os motivos citados acima, o fim voluntário da gravidez é crime, podendo levar a até três anos de prisão.
Ainda assim, o aborto continua acontecendo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, uma brasileira morre a cada dois dias por conta de procedimentos mal feitos. Além disso, cerca de um milhão de abortos clandestinos são feitos no país todos os anos.
Ambas as audiências públicas serão conduzidas pela ministra Rosa Weber, que antes de dar um parecer ouvirá 45 exposições sobre o assunto, com a participação de especialistas das áreas da saúde, entidades religiosas e de direitos humanos.
Famosas defendem a descriminalização do aborto
Nathalia Dill
“[…] Sempre tive vontade de ser mãe, mas quero poder decidir o melhor momento. Seguir com uma gravidez indesejada é tortura.”
“[…]Em maio, Ingriane Barbosa morreu em Petrópolis depois de tentar abortar com um talo de mamona. Ela era mãe de três crianças pequenas. Precisamos falar sobre aborto. Precisamos levar a vida das mulheres a sério.”
Uma publicação compartilhada por Sophie Charlotte (@sophiecharlotte1) em
Chandelly Braz
“[…] O principal argumento é que os direitos das mulheres à liberdade, à dignidade, ao planejamento familiar, à cidadania, e de não ser torturada, presentes na Constituição de 1988, estão sendo negados pela criminalização do aborto, imposta pelo Código Penal de 1940.”
“[…]O aborto é crime, mas ninguém deixa de abortar por isso. Entretanto, as mulheres mais pobres, as mais jovens, as negras e as indígenas correm risco de prisão e de saúde por não conseguirem acessar métodos seguros de aborto. É a velha história: as ricas abortam, as pobres morrem.”
Uma publicação compartilhada por Monica Iozzi (@monica.iozzi) em
Tainá Müller
A atriz usou a ferramenta Stories, do Instagram, para compartilhar sua opinião sobre o assunto.
“Não é o Estado que decide se uma mulher aborta ou não. […] Não pode a mulher ser criminalizada por uma coisa que não é responsabilidade só dela. O abandono parental está aí, os métodos contraceptivos não são 100% seguros. […] Quando o assunto é lei, o Estado tem o devem de prezar pela liberdade dos seus cidadãos, principalmente quando o assunto é liberdade sobre o próprio corpo. O homem não passa por nenhuma privação do Estado em relação ao próprio corpo, e a mulher sim. No momento em que você oferece a mulher pleno poder sobre o próprio corpo, você está afirmando essa mulher como uma cidadã livre. Eu sou absolutamente contra o aborto, a única questão aqui é o poder de escolha, levando em consideração que nenhum método é seguro, que muitos pais abandonam seus filhos e que a gente vive num país que não apóia nem um pouco as pessoas que não tem dinheiro para ter um filho.”