Modelo que perdeu a perna: “Nossas cicatrizes contam a nossa história”

Por Thieny Molthini

No final de 2014, aos 20 anos, Paola Antonini se preparava para viajar com o namorado, quando uma mulher alcoolizada perdeu a direção do seu carro e a atingiu, deixando a garota prensada contra a parte de trás de seu veículo. Os reflexos do acidente foram graves. Paola sobreviveu, mas o trauma fez com que tivesse que amputar sua perna esquerda. Hoje ela é modelo, tem uma vida ativa, começou a dançar e se prepara para correr.

À WH ela contou um pouco de como tem sido sua rotina. Confira, a seguir, um pouco dessa história, que inspira e é uma prova de que a aceitação e o amor próprio são fundamentais em todos os momentos.

WH: Antes do acidente você seguia uma rotina de exercícios?
Paola Antonini: Sempre gostei de praticar esportes. Ia quase todos os dias à academia. Adorava correr, jogava tênis, praticava ginástica olímpica, handebol. Fazia de tudo.

WH: E os seus hábitos alimentares, como eram?
Eu me alimentava normal, sem fazer dietas.

WH: E qual era a sua relação com o seu corpo?
Sempre aceitei meu corpo, não tinha neuras. Claro que quando eu era mais nova até queria melhorar uma coisa ou outra, mas nada demais.

WH: Como foi quando soube que precisaria amputar a perna?
Em momento algum me revoltei, pelo contrário, agradeci a Deus por estar viva. Fiquei tranquila, porque o acidente foi muito grave e eu corri um risco grande de morte, então estar viva era motivo de alegria. Minha família, meu namorado, meus amigos foram essenciais nesse momento.

WH: A relação com o seu corpo mudou quando soube que precisaria usar uma prótese? 
Desde o momento que eu recebi a notícia, eu encarei de frente a situação e mergulhei nessa nova etapa. Reaprendi muitas coisas, a andar, a me equilibrar de novo, descer uma escada… Mas nunca perdi minha vaidade, me adaptei e aceitei muito bem mesmo, porque a beleza exterior não é nada. Aprendi muito quando eu sofri o acidente, a valorizar o que realmente importa na vida. Às vezes perdemos muito tempo dando importância para coisas que não são tão relevantes e conforme o tempo vai passando percebemos isso.

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WH: Sua dieta alimentar mudou após o acidente?  
Não. Procuro me alimentar bem durante a semana, para poder comer algo mais calórico no final de semana. A única coisa é que hoje cortei qualquer tipo de proteína animal e sem ela acabo compensando mais nos vegetais e legumes.

WH: E a sua rotina de exercícios, mudou? 
Gosto de estar sempre ativa. Faço musculação quando posso e uma coisa que pratico hoje em dia, que não fazia antes do acidente,é dançar. Amo dançar! Algumas atividades físicas mudaram por conta da minha mobilidade. Por exemplo, agora vou começar a correr e para isso eu preciso de uma prótese diferente e praticar para usá-la, mas é só uma questão de adaptação.

WH: A percepção sobre seu corpo, sua beleza, mudou depois desse marco em sua vida?
Minha vida mudou totalmente depois do acidente e acho que tirei muitas lições disso tudo, amadureci muito. Hoje valorizo outras coisas, não perco meu tempo com coisas pequenas, tento ser melhor a cada dia. Todo mundo precisa aprender a se valorizar, cada um com sua beleza. Somos diferentes, e isso é incrível! O que importa é o que temos por dentro, porque a aparência passa.

WH: E você tem algum medo?
Depois do acidente que sofri e tive que amputar minha perna, desenvolvi um medo de avião. Sofro quando tenho que voar, mas encaro e vou firme e forte.

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WH: Para você, qual a sua ideia de saúde?
É você se manter feliz e bem consigo mesma. Procurar fazer o que te traz alegria. Não ficar se comparando com padrões impostos por aí.

WH: Qual o seu conselho para mulheres que passam pela mesma situação, ou que nasceram com algum tipo de deficiência?
Continuarem firmes a seguir em frente. Paciência na adaptação e manter o positivismo. Porque a beleza a aparência não significa nada. Nossas cicatrizes contam nossa história.