Estudo liga desnutrição de grávidas infectadas com zika vírus à casos de microcefalia

Por Redação WH

desnutrição das mães e casos de microcefalia
Foto: Shutterstock

Estudo publicado na últimas sexta-feira pela revista “Sciences Advances” mostrou que uma dieta pobre em proteínas aumenta os riscos de infecção por meio do vírus da zika. A pesquisa revela uma ligação direta entre a desnutrição das mães e casos de microcefalia associados ao vírus da zika.

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O que estudo diz sobre desnutrição das mães e casos de microcefalia

O estudo foi feito em conjunto por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Cientistas defenderam que os casos de microcefalia associados à infecção pelo vírus da zika estão ligados a fatores de estilo de vida.

Patrícia Gaez, pesquisadora da UFRJ e uma das autoras do estudo, coletou dados concretos. Ela disse ao G1 que durante o surto de 2015, 40% das mães que deram a luz a crianças com microcefalia associada ao zika tinham algum tipo de restrição proteica.

Alterações cerebrais, como a microcefalia e a lisencefalia, problemas na retina e aumento dos ventrículos cardíacos são algumas das malformações que podem se manifestar durante a gestação de mulheres infectadas

A zika é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo responsável pela dengue.

Desnutrição das mães e casos de microcefalia: Resultado em cobaias

O estudo replicou os efeitos da infecção em camundongos que receberam uma dieta pobre em proteínas. Os pesquisadores observaram que os sinais da doença, já registrados em humanos, também foram identificados nas cobaias.

As fêmeas de camundongo com uma alimentação não balanceada tiveram infecções mais persistentes que as com uma dieta mais saudável. Entretanto, o cientista alertou que apenas comer bem não é suficiente para evitar a doença.

“Melhorar a dieta por si só não protege contra infecções pelo zika”, explicou Molnár. “Mas pode determinar a gravidade da infecção.”

Casos no Brasil

O Brasil foi apontado pelos pesquisadores como um dos países mais afetados pelo zika, sendo que cerca de 75% dos casos se deram na região Nordeste.

“A infecção congênita pelo zika pode ser piorada por fatores ambientais, principalmente uma dieta pobre em proteínas”, disse em nota o professor da Universidade de Oxford Zoltán Molnár.

Segundo cientistas, a dieta das comunidades mais pobres do país, com alto consumo de carboidratos e baixo consumo de proteínas, foi fundamental no agravamento dos efeitos da síndrome.

Já a pesquisadora brasileira explicou que a comunidade científica conhecia a relação entre desnutrição e enfraquecimento do sistema imunológico.

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“Quando tem uma dieta de restrição proteica, o indivíduo fica mais suscetível a infecções”, disse Garcez. “E essa foi uma das nossas hipóteses para explicar porque teve mais casos de microcefalia nas regiões com menos IDH. A alimentação é um co-fator relevante.”