Saiba mais sobre a mulher por trás da independência do Brasil

A obra de Georgina Albuquerque, de 1922, ilustra D. Leopoldina está à frente do Conselho de Estado. Crédito: Acervo Museu Histórico Nacional/IBRAM/MinC – Rio de Janeiro

Por Thieny Molthini

O país completa 217 anos de sua independência em 2017 e faz parte do “imaginário” do brasileiro relacionar a data à imagem de D. Pedro I às margens do rio Ipiranga (SP).

Mas o que pouco se fala (e muitos sequer viram nas escolas) é que sua esposa, D. Leopoldina, foi uma das figuras mais importantes para que o Brasil se tornasse livre de Portugal. Segundo Paulo Rezzutti, pesquisador e autor do livro D.Leopoldina: a história não contada*, foi ela quem arquitetou a independência do Brasil.

Retrato de Leopoldina:
Joseph Kreutzinger, de 1817. Crédito: Coleção Kuntshistorisches Museum, Viena

Rezzutti conta que Leopoldina foi uma mulher extremamente política e a primeira a governar o país, quando D. Pedro deixou o Rio de Janeiro (capital do Brasil à época) para ir a São Paulo e lavrou um decreto que tornava Leopoldina regente do país durante seu tempo fora da capital, entre agosto de 1821 e setembro de 1822.

Com base em cartas que o escritor levantou, é possível observar que ela estava mais determinada pela independência que o seu marido. “Fiquei admiradíssima quando vi, de repente, aparecer meu esposo, ontem à noite. Ele estava mais bem disposto para os brasileiros do que eu esperava – mas é necessário que algumas pessoas o influam mais, pois não está tão positivamente decidido quanto eu desejaria”, confessa a princesa em um escrito.

E foi em 2 de setembro que Leopoldina convocou um Conselho de Estado (no dia 2 de setembro) que decidiu aconselhar D. Pedro I a ficar no Brasil e lutar pela independência do país (já que Portugal queria retomar as rédeas administrativas do Brasil). Mais adiante, às vésperas do famoso “eu fico”, D. Pedro recebeu uma carta de sua esposa, então governante do Brasil, que pedia para que ele tomasse a decisão, que acreditavam ser a mais acertada, para eles e para a nação. “O Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará a sua separação. O pomo está maduro, colhei o já, senão apodrece”, dizia em carta. “Já disseste aqui [Rio de Janeiro] o que iria fazer em São Paulo. Fazei, pois. Tereis o apoio do Brasil inteiro e, contra a vontade do povo brasileiro, os soltados portugueses que aqui estão nada podem fazer”, finalizava a, então, princesa.

Que mulher, hein?

* D.Leopoldina: a história não contada – A mulher que arquitetou a independência do Brasil, publicado pela editora Leya