Liberação miofascial: o que é e para que serve esta técnica?

Por Beatriz Zendersky

Foto Shutterstock

No último ano, o universo fitness voltou às atenções para o relaxamento dos músculos utilizando rolos de espuma. No Instagram, centenas de posts de influenciadoras ensinando a utilizar o acessório dominaram o feed, as marcas investiram em lançamentos para isso e até algumas academias já oferecem uma aula específica para a técnica. Mas, afinal, no que a liberação miofascial consiste?

Ela tem o objetivo de aplicar uma pressão profunda em alguns pontos do corpo, liberando a tensão da fáscia que, por sua vez, é o conjunto de tecido, nervos e vasos sanguíneos que envolvem cada um dos nossos músculos.

“Ela é uma extensa rede biológica que envolve os músculos e órgãos como se fosse uma ‘capa’, sustentando, dando forma a todas as estruturas do nosso corpo e criando condições para que cada parte do organismo funcione de maneira adequada”, explica o gerente nacional da rede de academias Bodytech, Daniel Guimarães. “Nela passam estruturas relevantes como vasos, células e terminações nervosas com função até mesmo de secretar hormônios importantes para o funcionamento dos órgãos”, conta.

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No seu estado natural, ela é maleável, mas, quando sofre lesões ou estresse por má postura, excesso de exercícios ou sedentarismo, ela fica rígida, segunda Betina Stefanello, dermatologista do Rio de Janeiro. “Até mesmo desgastes emocionais podem afetar esse tecido”, completa. E, quando a fáscia está inibida, surgem problemas de saúde como dores crônicas, fibromialgia, desvios posturais e problemas circulatórios.

É para evitar essas consequências que entra a técnica – um alongamento que solta as tensões e realinha o corpo. “Por meio dela, acontece uma reorganização estrutural, deixando a fáscia na densidade adequada e permitindo que os tecidos tenham flexibilidade e elasticidade”, diz Daniel.

O coordenador do Comitê de Dor e Movimento da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), Heráclito Gurgel, explica que isso acontece porque essa técnica resgata as propriedades viscoelásticas e tixotrópicas da fáscia, ou seja, favorece a saúde e função das estruturas relacionadas ao movimento.

Liberando a fáscia

A liberação miofascial é alcançada quando pressionamos os chamados pontos-gatilho, ou trigger points, para que haja maior liberdade entre o músculo e a fáscia. Eles são pontos hipersensíveis de dor com nódulos palpáveis presentes na extensão muscular e se encontram em bandas tensas, que são grupos de fibras musculares contraídas ao longo do músculo.

“Esses pontos de contração acumulam toxinas e prejudicam o bom funcionamento do sistema musculoesquelético, alterando a coordenação, a flexibilidade e a força”, conta Betina.

“Como a fáscia é um sistema integrador, quando existem falhas nela, provavelmente haverá falhas em alguma parte do nosso corpo. Devemos treinar a fáscia, assim como se treina força ou flexibilidade, pois quanto mais saudável sua ela estiver, mais são seu corpo estará”, completa Daniel, que conta que a prática pode ser realizada antes ou depois do treino. “Quando realizada antes, ela deixa a musculatura na densidade adequada, preparando o indivíduo de maneira ideal para a prática de qualquer atividade física e aumentando a elasticidade do tecido para que não se rompa durante o movimento.”

Já no pós-treino, ela tem a função de recuperação, diminuindo a dor muscular tardia, as torções e os encurtamentos, prevenindo os pontos de tensão ou gatilho e lesões.

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Normalmente, o procedimento pode ser realizado sem restrições. No entanto Betina aponta casos em que se deve consultar um profissional médico capacitado antes: “Indivíduos com problemas circulatórios ou inchaço, hipersensibilidade à dor ou condições de dor crônica, que fazem uso de medicamentos anticoagulantes ou quando há lesões musculares ou ósseas diagnosticadas. Também é bom evitar a técnica em regiões do corpo recentemente feridas ou com hematoma e em gestantes no primeiro trimestre da gravidez”.

Para a dermatologista Betina, os benefícios da prática são vários, entre eles:

• Liberar as tensões e dores musculares crônicas
• Liberar o movimento das articulações e melhorar a flexibilidade
• Modificar a distribuição da massa muscular
• Melhorar a circulação e a respiração
• Promover mudanças progressivas nos níveis físico e emocional
• Aumentar a consciência corporal
• Promover maior mobilidade e amplitude de movimento
• Reduzir a rigidez arterial e melhorar a função vascular

Pronta para liberar tudo? A seguir, WH selecionou acessórios especiais para a técnica, além de alguns exercícios para você fazer sozinha.

Inclua na academia

Há diferentes acessórios voltados para a liberação miofascial. De acordo com Daniel, os profissionais normalmente utilizam o stick (bastão), bolas de tênis e bolas de lacrosse para a técnica. “Gosto bastante do rolo de espuma por conta da sua eficiência e praticidade”, afirma.

1. Rolo de Liberação Miofascial, Vollo, R$ 140

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As ranhuras no acessório ajudam a eliminar os pontos-gatilho.

2. Bastão, Supermedy, R$ 70

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Excelente para massagem em todo o corpo. Pode ser utilizado para automassagem ou com outra pessoa massageando.

3. Foram roller, Energia do corpo, R$ 125

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Feito com material ecológico e 100% reciclável, é leve e resistente, ideal para exercícios de auto liberação. Pode ser usado nos músculos das costas, braços, pernas glúteos e pescoço.

4. Bastão de Liberação Miofascial Ajustável, Acte Sports, R$ 70

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Possui um ajuste personalizado para se adequar a qualquer parte do corpo.

5. Rolo Cilíndrico, Supermedy, R$ 130

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O rolo texturizado é bom para exercícios de equilíbrio, trabalhando os músculos do abdômen, região lombar, glúteos e quadris.

Onde encontrar

Acte Sports actesports.com.br
Energia do Corpo energiadocorpo.com.br
Supermedy ortoponto.com.br
Vollo centauro.com.br