Feliz e sozinha, SIM!

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Se todos os solteiros do Brasil colocassem as mãos para cima agora, haveria cerca de 77 milhões de adultos envolvidos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sendo 50,8% deles mulheres, prontas para dançar ao som de “All the Single Ladies”, da Beyoncé. Mas engana-se quem pensa que elas estão tristes com isso. Se antes a regra era encontrar filmes com mulheres lamentando-se e caçando namorados, como em “Ele não está tão afim de você” (2009), agora damos de cara com Amy Schumer desesperada para não entrar em um relacionamento em “Descompensada” (2014) ou Julia Roberts e Reese Witherspoon representando, em “Comer, Rezar e Amar” (2010) e “Livre” (2014), garotas que deixam seus relacionamentos em segundo plano para viajarem sozinhas em busca de autoconhecimento. De fato, para a maioria delas, é preferível estar sozinha, mas bem-sucedida e satisfeita do que em má companhia, segundo confirma uma pesquisa recente. Vire a página para conhecer quatro tipos de mulheres solteiras que estão redefinindo o que significa ser livre – além dos casais que passaram a mudar suas rotinas para se adaptar a essa nova realidade.

Perfil: cheia de amigos

O calendário está cheio de planos? Nada de estranho aí. Um estudo do Journal of Social and Personal Relationships (EUA) descobriu que as pessoas solteiras são mais propensas a ter a vida social mais ativa e ficar em contato com seus amigos e família mais frequentemente que pessoas compromissadas. (Quem nunca teve uma amiga que virou fantasma após começar a namorar? Ou uma irmã que evaporou do mapa ao se mudar para outra cidade com seu marido? A bolha do amor é real). Toda essa socialização abre as portas para conhecer novas pessoas – e talvez um amigo especial para dividir o quarto à noite. Estudos provam que as mulheres gostam e desejam sexo casual tanto quanto os homens. E isso é apenas um bônus, entre os vários prazeres de ser solteira.

Aplique na vida

Não importa se você é solteira ou comprometida, ter à disposição uma gama de amigos para chamar de seus pode dar mais preenchimento a sua vida do que um relacionamento romântico. Aliás, enclausurar-se a uma relação e não ter essa convivência múltipla é prejudicial: “viver em função de uma pessoa gera muita dependência e ansiedade, você perde de vista a sua individualidade”, diz Gabriela Malzyner, psicóloga e professora do curso de psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos, em São Paulo. “Se não tivermos contato com outras realidades e uma troca de experiências e opiniões com amigos, nossas referências e parâmetros diminuem”, completa. Mas fazer a ronda nas atualizações de seus amigos nas redes sociais não vai bastar – você realmente tem que curti-los em tempo real. Caso tenha sido uma eremita social ultimamente, Marina Vasconcellos, psicóloga e professora do curso de Psicologia Médica da Universidade de São Paulo, sugere reconectar com alguém que daria apoio a seus objetivos atuais. Como, por exemplo, a sua amiga obcecada em postar selfies de academia no Instagram, que pode ajudá-la a voltar para sua rotina de treinamento, ou aquele conhecido que sempre comenta sobre livros e filmes e seria ótimo para indicar alguns – e depois conversar sobre eles também. “Outra ideia é inscrever-se em atividades que possam ser feitas em grupo e que promovam mais de um encontro, como um curso de culinária ou aulas de dança”, diz ela. “O interesse em comum pode unir as pessoas e serve de ponto de partida para começar uma conexão.” O importante é manter sua mente sempre aberta e perceber que alguns amigos serão melhores para se divertir, enquanto outros podem ser ótimos para uma conversa mais séria. Por isso, vale investir em uma rede ampla de amizades.

Perfil: a dona de casa

Comparada à geração de nossas avós, estamos buscando cada vez mais diplomas acadêmicos e salários significativamente maiores. Então, com essa independência, por que não estaríamos bancando nossas próprias casas também? Nos Estados Unidos, a tendência é forte entre as solteiras: o último relatório da National Association of Realtors, uma rede virtual norte-americana de corretagem de imóveis, mostra que as mulheres solteiras compõem 16% dos compradores de casa, enquanto 9% são homens na mesma situação civil.

Aplique na vida

Segundo Julyana Bortolotto, arquiteta e dona de escritório homônimo em São Paulo, a crise financeira que estamos atravessando tornou o mercado imobiliário favorável para quem quer comprar. Há, ainda, muitas oportunidades de aluguel em valores abaixo dos praticados no ano passado, sendo que, dentre todas as opções, o apartamento pode ser a melhor, por ser mais seguro. Na hora de mapear o bairro, selecione aqueles que melhor atendem ao seu dia a dia. “Há muitas ofertas no mercado, mas a dica é escolher um próximo ao seu trabalho e bem localizado em relação a comércios e passeios de seu interesse, como um parque ou ciclovia”, diz Julyana. Se você não sabe por onde começar, há algumas dicas que valem a anotação. “Para evitar qualquer perrengue futuro, tenha um fundo de emergência no mínimo seis vezes maior do que o valor do custo mensal investido na aquisição”, ensina Thiago Nigro, de São Paulo, dono do site de investimentos O Primo Rico (oprimorico.com.br). Segundo ele, o ideal é alugar um imóvel e economizar o que restar da renda fixa mensal para juntar caixa. Quando tiver guardado o suficiente, poderá comprar sua casa com algum desconto e ainda terá feito isso em menos tempo do que se tivesse financiado por trinta anos. É só se organizar!

Perfil: a viajante

De acordo com o Estudo sobre Intenções de Viagem da Visa Global, feito em 2015, 40% dos viajantes solo são mulheres. E elas estão dominando o cenário das atividades mais aventureiras, como rafting, por exemplo. Já uma pesquisa feita pela plataforma Booking.com revelou que 63% das viajantes solteiras relatam se sentir mais energizadas depois de tirar férias sozinhas em comparação àquelas curtidas junto de outra pessoa.

Aplique na vida

Você pode não saber se localizar e pegar ônibus em um lugar estrangeiro a princípio, mas quando você supera esse sentimento de ansiedade, realmente aprende sobre você mesma, sua perseverança e resistência. Há ainda outras vantagens relacionadas a essa jornada, como o ganho de independência. “Deixar de achar que precisa da aprovação da família, dos amigos, do (a) parceiro(a) e saber que pode e deve ter um tempo para si mesma não tem preço”, diz Gaía Passarelli, de São Paulo, autora do livro “Mas você vai sozinha?” (R$ 39, Editora Globo). Além disso, o seu itinerário pode ser feito sob medida – o que significa que você pode acordar a hora que quiser e fazer o roteiro que bem entender sem dar satisfações ou justificar-se a ninguém. Segundo Gaía, no entanto, é essencial ter consciência de sua vulnerabilidade e saber quais são os códigos culturais do destino. Aplicativos gratuitos como Jetzy e Skout (disponíveis para iPhone e Android) podem conectá-la a outros viajantes com base em sua localização, para que você possa pedir dicas instantâneas e quentes, que fujam dos pontos turísticos tradicionais.

Perfil: a mãe autossuficiente

Ano passado, uma pesquisa realizada pela Data Popular revelou que há mais de 20 milhões de mães solo no país, sendo que 55% pertencem à classe média, 25% à classe alta e 20% à baixa. Ainda dentro desse estudo, constatou-se que as mães do século 21 são menos conservadoras em relação às do século anterior: no passado, 75% dessas mulheres acreditavam que só era possível ser feliz com a constituição de uma família. Agora, o número caiu para 66%, validando a tendência.

Aplique na vida

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Agora que é mais comum, ter uma criança sozinha já não é tão socialmente estigmatizado. “Se a mulher é bem resolvida consigo mesma e está segura de sua decisão, não há porque não tomá-la”, diz Maura de Albanesi, de São Paulo, psicóloga, coach e escritora. Como Nathália, é claro, você precisará ter um sistema de apoio bem consolidado. “Durante a gravidez e após, o emocional fica delicado. Além disso, é difícil educar um filho sozinha, pois você canaliza todos os papéis no crescimento da criança. É essencial ter a família e os amigos por perto para uma estrutura afetiva”, acrescenta Maura. A decisão deve ser muito bem planejada: de acordo com um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (Invent), o custo de criar um filho até seus 23 anos pode sair entre R$ 407 mil e R$ 2 milhões de reais.