Eu venci um câncer: leitora conta como linfoma mudou sua vida

Por Thieny Molthini

Quem nunca sentiu uma dor nas costas? Um incômodo persistente? Você passa no médico e ele receita analgésicos. Vai a outro especialista e ele encaminha você para uma fisioterapia. Mas o problema continua… Foi assim que, aos 25 anos, Iasmin Medeiros de Almeida, de São Paulo, descobriu um Linfoma de Hodgkin. Depois de inúmeras tentativas, uma febre alta fez com que ela fosse ao hospital após o trabalho. Naquele dia, 5 de setembro de 2016, a vida dela mudou.

Iasmin lembra que o clínico geral achou o seu pescoço muito inchado e suspeitou, a princípio, de um quadro de caxumba, só que ao fazer outras perguntas pediu alguns exames, que foram feitos no próprio local. Quando saiu de uma ressonância magnética, Iasmin foi informada de que ficaria internada para que pudessem investigar melhor o seu quadro. “Liguei para o meu pai já chorosa. Quando ele chegou no hospital a médica falou para ele que as chances de eu ter um câncer eram muito altas”, lembra a arquiteta.

Embora só fosse saber mais adiante, quando deixou o hospital, Iasmin levou não apenas o seu diagnóstico como também o estágio de seu câncer: um Linfoma de Hodgkin, estágio IV, que já havia tomado todo o seu pulmão direito, alcançado a sua medula, com uma massa de 22 cm.

Tratamento

Descoberta a doença, teve início a batalha. “Lembro quando começamos a quimioterapia o meu pai disse: “Vamos fazer esse tratamento e estamos todos doentes com você. A gente pode levar numa boa ou ficar mal, aí você me derruba, derruba a sua mãe, a su

a madrasta e as suas irmãs. Então vamos acabar logo com isso””, conta Iasmin.

A cada 15 dias, Iasmin, seu pai e sua mãe iam ao hospital para a quimio. Ao todo foram 14 aplicações por cateter, sempre com ela internada. A arquiteta lembra que os efeitos colaterais dos medicamentos foram tranquilos, já que tomava outras coisas para evitá-los. O enjoo, no entanto, era inevitável.

Ao longo dessa jornada, Iasmin se lembra de ter vivido dias bons e ruins. “Alguns dias eu chorava e achava que não iria terminar e em outros eu acordava sorrindo e falando que estava tudo indo muito bem.”

No entanto as surpresas não haviam acabado. Em janeiro, durante um exame de rotina, Iasmin descobriu um problema no coração, uma trombo que a deixou internada em uma UTI por duas semanas. “Eu tirava sangue de seis a oito vezes por dia e sempre era preciso furar para pegar a veia, eu já não tinha mais onde aplicar. E, tomando anticoagulante, eu ficava cheia de hematomas”, lembra.

Quando a quimioterapia chegou ao fim, Iasmin descobriu em um exame que a doença ainda estava no seu corpo, no meio do seu peito. Para dar fim a esse quadro foram necessárias mais 20 sessões de radioterapia, realizadas diariamente, de segunda a sexta-feira.

Em agosto seu tratamento chegou ao fim, mas pelos próximos 5 anos ela precisará fazer alguns exames para monitorar a sua saúde e receber a alta definitiva.

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Crescimento

Para Iasmin essa batalha foi como uma desconstrução de tudo o que acreditava. Ela, que não estava satisfeita com o seu cabelo, quando se viu sem ele, só pensava no dia em que cresceria novamente. “Hoje eu dou muito mais valor para vida e tento reclamar o menos possível. Acordo cedo, trabalho, pratico atividades físicas regularmente, faço natação e procuro me alimentar melhor”, conta.

Durante todo esse processo, Iasmin procurou conversar com outras pessoas, dividir sua experiência com os demais pacientes e levar isso da maneira mais leve possível e esse é o conselho dela para quem está lidando com essa situação. “Acho que ser positiva e tentar levar tudo mais leve faz o período mais difícil que você está passando ser o menos doloroso para você e para quem te ama, porque ninguém fica doente sozinho. A família e seus amigos adoecem com você.”

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