#ESCAPES: Quando o mundo parou

Por Cacá Filippini

Quarentena
Foto: Arquivo pessoal

E foi no início de 2020 que as pessoas ganharam um presente da vida. Inicialmente, como tudo novo, nos causou medo, até mesmo pânico. Fomos forçados a mudar nossos estilos de vida. A nos trancarmos em casa, em quarentena.

Havia algo, que não se podia ver, caminhando lá fora e ameaçando a vida de milhares de pessoas. Empresas pararam, o comércio fechou, aulas foram suspensas, as ruas esvaziaram. Os dias passaram a ter mais horas, e a hora aparentemente, passou a durar mais. Os dias eram intermináveis. As preocupações também tomaram conta de nós e não tivemos outro caminho, se não, mudarmos nossas vidas.

Foi nessa fase que vivemos o maior presente: o aqui e agora!

Mesmo que na adversidade, pessoas experimentaram pela 1ª vez, parar e respirar. Outros, começaram um livro, item esquecido nas estantes ou no fundo dos armários. Pais e filhos se viam com muito mais constância e intensidade. Passaram a dialogar. Fizeram refeições juntos. Mergulharam em maratonas de filmes e séries, regado a pipoca e aconchego no sofá. Houve até quem arriscasse praticar ioga pela internet.

Mães ocuparam o lugar de professores, auxiliando seus filhos no ensino á distância. Pais passaram a se permitir deixar o terno e a gravata de lado, e vestir pijamas até mais tarde. Tudo estava mudado.

Os interesses individuais já não podiam sobrepor o bem estar coletivo. Entendemos que somos dependentes de algo muito maior. Pudemos curtir nossas casas e todo o luxo que trabalhamos para ter. Saboreamos a simplicidade de um café ou de uma comida feita por nós.

Enxergamos o quanto estávamos perdidos e vivendo no automático. Nos demos conta que não tínhamos mais tempo para as coisas básicas da vida. Que havíamos desaprendido a valorizar o simples. Passamos a olhar para fora e notar cada detalhe da paisagem que nos cerca. Refletimos olhando um céu, mais claro e menos poluído. Passamos a ver construções mais distantes. A cidade pareceu maior aos nossos olhos.

Quarentena: Entendemos o verdadeiro sentido da empatia.

quarentena
Foto: Arquivo pessoal

Conhecemos vizinhos, mesmo que só através de grupos de mensagens instantâneas. Resgatamos contatos, mesmo que á distância. Recorremos á velhos amigos e ficamos horas e horas falando ao telefone. Criamos o hábito de ligar para os nossos pais todos os dias e perguntar se estavam bem.

E mesmo diante de tanta incerteza, fomos nos reinventando dia após dia, confinados em casa, esperando a “coisa” passar.

Testamos brincadeiras que recebemos em nossos celulares. Resgatamos lembranças infantis. Acessamos fotos em papel, esquecidas em caixas de sapatos. Revisitamos lembranças que já não nos lembrávamos. Arrumamos armários, gavetas e finalmente, tivemos tempo de separar o que não nos servia mais e fazer caridade.

Dormimos … Ah, como dormimos. Vivemos momentos de preguiça. Mas tivemos insônia também. Adormecemos no sofá. E abraçamos quem amamos pela manhã, sem medo de perder a hora. Até café da manhã na cama, rolou!

Cantamos juntos, mesmo em varandas. Dançamos em frente a TV. Rimos. Gargalhamos. E nos demos conta de como cada um desses momentos é mágico e único.

Nos acostumamos com uma rotina mais leve. Com os ponteiros em nova velocidade. Fizemos menos do mesmo. Reaprendemos a viver e nos adaptamos a uma nova realidade. E foi aí que compreendemos o que é viver o que realmente importa!

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E é com o desejo de que você se identifique com meu texto, que me despeço (pelo menos, por ora) da Revista Women´s Health, que deixa o Brasil por tempo indeterminado.
A partir de agora, convido-os a seguir minhas escapadas na página @escapes_oficial  e em minha página @cacafilippini , ambas no Instagram, para que assim, mesmo que a distância, sigamos juntos!