Após queixas sobre os efeitos colaterais dos hormônios presentes nas pílulas anticoncepcionais, as mulheres estão revolucionando novamente os métodos contraceptivos. Depois do diafragma, o DIU de cobre e, claro, a camisinha, chega ao mercado a tabelinha 2.0: O Natural Cycles.
Muito parecido com o método comportamental utilizados por nossas avós, o aplicativo estimula o autoconhecimento do corpo da mulher, já que monitora a taxa de fertilidade feminina, sem intervenção de hormônios ou dispositivos no organismo. Mas enquanto a tabelinha tradicional se baseia na observação de algumas características do corpo da mulher, como período menstrual, consistência do muco cervical e temperatura basal, o Natural Cycles é mais “fácil” e, segundo seus criadores, tão preciso quanto a pílula.
Na prática, a usuária mede todos os dias sua temperatura colocando um termômetro debaixo da língua. O resultado deve ser registrado no app para que o algoritmo calcule seu ciclo menstrual e suas possíveis variações. “A temperatura tem grande influência no ciclo da mulher. Depois da ovulação, o aumento dos níveis de progesterona faz com que o corpo fique mais quente, por exemplo, e antes de ovular a temperatura cai”, explica Domingos Mantelli, ginecologista e obstetra de São Paulo.
O calor também interfere na taxa de sobrevivência do esperma, nas alterações no ciclo e nos picos de fertilidade. E é com base nessas informações que ele vai alertá-la sobre os dias em que você estará mais fértil ou quando não há risco de fecundação.
Precisão
Ao contrário da tabelinha tradicional, o Natural Cycles respeita o fato de que nem todas as mulheres têm ciclos regulares de 28 dias, e calcula os avisos partindo do princípio de que seja possível engravidar em apenas seis dias por mês. Essa adaptação ao calendário de cada mulher aumenta os acertos de quais dias a usuária corre o risco de ficar grávida ou não.
Mas, segundo Domingos, ele não deve ser usado como o único método contraceptivo. “Não dá para confiar apenas nesse método, pois o ciclo menstrual da mulher pode variar de uma para a outra. Sem dúvida, para quem não quer tomar hormônio, o preservativo é o método de barreira mais eficaz, já que o esperma fica retido na camisinha e os espermatozóides não têm contato algum com o corpo da parceira”, explica ele. “Além disso, o app não evita a contaminação de DSTs. A camisinha é fundamental para evitar não apenas uma gravidez indesejada, mas doenças, que são problemas ainda maiores.”
Porém, parece que a eficácia do aplicativo foi comprovada e, acredite, pode ser a mesma que a pílula. Em testes realizados com mil mulheres, menos de cinco engravidaram após o sistema ter mostrado quais eram seus dias férteis. Os números provam que ele pode ser mais seguro que a camisinha e com taxas de eficácia semelhantes à pílula, o que chamou a atenção dos órgãos de saúde. A organização de inspeção e certificação alemã Tüv Süd o classificou como um método de contracepção confiável na categoria médica, podendo ser prescrito pelo National Health Service, do Reino Unido, assim como acontece com preservativos, implantes e pílulas. O aplicativo é o primeiro software do mundo a ser oficialmente certificado por autoridades de saúde.
Com 150 mil usuárias em 161 países, o Natural Cycles pode ser testado gratuitamente por um mês. Após esse período, o pacote anual custa US$ 4,20 mensais com o termômetro basal incluso.
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